Iniciativa imprime 5 mil cartilhas para informar moradores em situação de rua dos riscos da doença





RIO - No meio desta pandemia do novo coronavírus que o mundo enfrenta, iniciativas têm surgido em diversas áreas com o propósito de preencher as lacunas deixadas pelas instituições públicas. Com este pensamento, Éric Gallo, arquiteto do coletivo Urbanistas contra o Corona, decidiu agir em relação às pessoas em situação de rua, um dos públicos mais expostos ao vírus.


Nesta sexta-feira, o coletivo distribuirá na Avenida Presidente Vargas, no Centro, as primeiras das 5 mil cartilhas que desenvolveu com uma série de recomendações para evitar a propagação da doença.


Arquiteto da Fiocruz, Gallo realiza diversos trabalhos voluntários com o público alvo e, devido à quarentena, mantém os compromissos profissionais por home office. A ideia veio quando, recentemente, viu que tanto os voluntários com quem trabalha no Instituto Lar quanto as pessoas em situação de rua não estavam seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em evitar aglomerações, contato físico e etc. Após passar os direcionamentos para evitar o contágio no local, ele viu a oportunidade de estruturar algo que atendesse as demandas além do Lar.


— O que eu converso com eles (os voluntários) é que na vida a gente pode aprender com erros, mas, nesse momento, um erro representa muitas vidas. Se uma pessoa em situação de rua está contaminada, ela pode contaminar várias outras — diz ele.


Serão duas cartilhas com recomendações a serem distribuídas: uma com orientação aos moradores, como quais sintomas são emergenciais, quando procurar e onde estão as unidades médicas, além do endereço dos abrigos – incluindo o do Sambódromo que, recentemente, foi adaptado para atender até 400 pessoas. Já a outra será direcionada aos voluntários, que têm esse contato direto. Para se certificar que o projeto fosse eficaz na comunicação, ele teve o amparo de pessoas que já estiveram nessa condição social.


— Mesmo a cartilha sendo ilustrada, fiz a leitura com a população de rua para ver se atendia a compreensão deles. E a produção foi feita com uma voluntária que por muito tempo esteve nessa situação. Já tinha escrito grande parte das orientações e mandei para ela, e, coincidentemente, ela me mandou as que tinha feito para distribuir. Usei o material dela para melhorar a linguagem e encaminhei de volta a ela, para garantir que atenderia (as demandas) – conta Gallo.


O projeto foi feito pelo coletivo em parceria com o Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro, da Pastoral da População de Rua (o Sisejufe), e sob consulta de diversos profissionais, entre eles, da área da saúde. O arquiteto tentou recorrer, por diversas vias, a Secretaria municipal de Assistência Social, setor da prefeitura responsável pelo assunto, e não teve retorno:


— É uma mobilização social em cima da mobilização política. Nós, como sociedade, estamos nos mobilizando muito mais do que o poder público tem se mobilizado para fazer coisas que são obrigação deles. E a população de rua tem uma carência que vai além da assistência social, tem a questão da saúde, da habitação digna.


Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/coronavirus-iniciativa-imprime-5-mil-cartilhas-para-informar-moradores-em-situacao-de-rua-dos-riscos-da-doenca-24348363

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